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sábado, setembro 17, 2005

CULTURA POPULAR

VOCÊ SABE O QUE É UM BARBAQUÁ?
São Mateus do Sul, no Paraná, é considerada a Capital da Erva-Mate. Além de ser nativa, na região, a Ilex Paraguariensis é amplemente cultivada,
beneficiada e comercializada no Município.
O chimarrão é associado aos gaúchos, mas a sua origem é paranaense.
ORIGEM - O costume de sorver a água quente impregada da Erva-Mate é milenar, que os adventícios europeus aprenderam com os índios Guaranis, Kaingans, etc. Vamos conhecer um pouco mais dessa história? Estamos no ano de 1522 e o português Aleixo Garcia é naufrago na Ilha de Santa Catarina. Impressionado com descrições feitas por índios, uma região de muito ouro e pedras preciosas, reune um grupo de aventureiros e parte do litoral, cruzando o atual Estado do Paraná, em direção ao Paraguay. São os primeiros brancos a viajarem pelo interior selvage. Conhecem prósperas e felizes aldeias onde são recebidos com os frutos da terra e das águas. Atingem o Rio Paraguay, recebidos pelos Garanis. Ali Aleixo seduz dois mil índios, prometendo presentes. Cruzam o fabuloso Chaco, sempre a noroeste, em doreção da Cordilheira dos Andes. Nas cercanias da Bolivia e Peru confrontam tribos de súditos do poderoso Ínca. Após atacarem, matarem e saquearem, roubam tudo o que de valioso encontram.
Depois retiram-se, perseguidos por uma multidão de Índios Chavas.
A ERVA-MATE - Nessa viagem foi que os brancos europeus entraram em contato com o costume milenar de sorver o líquido verde-escuro extraído das folhas largas e ásperas da Iléx. Durante séculos, mais tarde, milhares de índios foram escravizados e obrigados a colher e transportar cargas da planta, para os brancos, sob o regime espanhol das encomiendas.
O BARBAQUÁ - O barbaquá é um processo rústico de beneficiamento da Erva-Mate. A colheita da Erva-Mate ocorre principalmente em Agosto, o que é feito cortando-se os galhos mais novos com foice ou facão - em ervais nativos ou plantados. Os feixes são transportados em longos de animais ou em carroções até o Barbaquá. Os feixes são colocados no carijo, para encarijar. Coloca-se fogo no forno à lenha, tendo o calor canalizado para sapecar as folhas e galhos. Depois de seca passa a ser debulhada na cancha circular - pelo barbaquá, atrelado a um cavalo. O cavalo vai dando voltas em torno da cancha e, nesse processo, as folhas da erva vão se fragmentando - dando origem ao chimarrão, um pó mais ou menos denso, feito com as folhas trituradas.
O hábito de sorver o mate é largamente utilizado pelos sulistas brasileiros, paraguaios, argentinos, e bolivianos. Quando servido com água fria trata-se do tererê. Sob a ação da água quente, é o chimarrão. A erva é colocada dentro da cuia, geralmente feita de purungo; joga-se água fervente sobre o mesmo já com a bomba instalada dentro dela. A bomba, por meio da qual o líquido é sorvido, é de prata, ou de metal inoxidável. Geralmente acontece um verdadeiro ritual, quando tomado em grupo. Entre uma cuiada e outra muita conversa rola. O saudável hábito de conversar, cara a cara, ajuda a resgatar histórias, causos e comentários sobre acontecimentos remotos ou recentes. Fortalece a amizade e favorece a comunhão com a natureza.