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sábado, maio 17, 2008

PARADIGMA & ATUALIDADE


NOSSO TEMPO SOMOS NÓS

O titulo acima se refere a uma afirmação de Carl Gustav Jung, um dos pais da psicanálise. Filho de um pastor protestante foi marcadamente influenciado pelo cristianismo – apesar de sua formação acadêmica eclética. Em várias ocasiões defendeu a espiritualidade real como uma das geratrizes da vida psicológica saudável. Foi aluno de Sigmund Freud e, a nosso ver, superou seu mestre que afirmava que o comportamento humano sempre é derivado de uma causa
de fundo sexual. Jung rejeitou essa unilateralidade incluindo outras motivações, especialmente à que diz respeito ao espírito do homem.
Nossa intenção é meditar um pouco sobre nosso tempo, baseados na afirmativa inspirada de Paulo: “Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade,
negando-lhe, entretanto, o poder
” (2 Timóteo 3.2-5). A frase de Jung de que “nosso tempo somos nós” cabe perfeitamente como explicação para a realidade presente nas manchetes dos jornais e TVs. Não é difícil a gente manifestar repúdio veemente diante de fatos como o do austríaco que abusava de sua filha, mantendo-a presa por mais de 20 anos em seu bunker secreto; o assassinato da pequena Isabella – que a imprensa explora exageradamente – e tantos outros casos, desde o do cirurgião que matou a esposa com requintes de crueldade, passando pela mulher que torturava sua filha adotiva, até aos escândalos políticos que envergonham nosso País - que se sucedem em todo o planeta.
Referindo-se a esse tempo, descrito em sua segunda carta a Timóteo, onde os homens são “mais amigos dos prazeres que amigos de Deus”, o Senador Magno Malta – presidente da CPI da Pedofilia - desabafou em entrevista num programa da TV Bandeirantes: “Muitos personagens que aparecem em denúncias de atentados contra menores usam togas de juiz, anéis de doutor, gente da alta sociedade, padres e até pastores. Muitos deles também vítimas quando crianças”. Jesus destacou a falta de afeição natural como um dos sinais do tempo do fim: “O amor esfriará de quase todos, mas aquele que permanecer fiel [ao amor] será salvo. Seguindo o raciocínio brilhante de Jung, deixemos de lado nosso senso primário de justiça própria para encarar nossa própria realidade – especialmente se usamos o rótulo de cristão, monoteísta, católico ou cristão evangélico. Vamos meditar sobre nossa própria circunstância e enxergar nossa negligência e omissão – seja com relação aos pobres como aos ricos miseráveis de espírito. Quantas pessoas passam por nós e ficamos em silencio, com vergonha de dizer o nome de Jesus. Muitas vezes nos abstendo de um diálogo por medo e covardia.
Quantas pessoas poderiam ter sua história transformada por um abraço, uma palavra de estímulo, um convite para um café, a amizade sincera e não interesseira de fazer um novo membro dizimista da denominação. Somos, apesar de religiosos, também “egoístas, avarentos, jactanciosos”. Como Igreja, elegemos prioridades que contradizem os ensinos do Senhor da Igreja, para construir impérios religioso-financeiros e nos ufanar de nossos templos
majestosos, redes de rádio e TV, braços políticos, tapetes felpudos, ar condicionado, mordomias clericais, etc.
Condenamos os governos como se não fossemos, também, responsáveis pela miséria que nos cerca – porque somos omissos e esquecemos o que Jesus disse a respeito: “Os pobres vocês sempre terão consigo”. Somos, geralmente, interesseiros e queremos engordar as finanças das instituições eclesiásticas com recursos sovinamente granjeados – negando partilhar as bênçãos materiais e celestiais; somos, muitas vezes, “traidores” do verdadeiro Evangelho porque nos calamos diante das injustiças de nosso próprio redil; somos “enfatuados” (cheio de si; presumido, vaidoso, arrogante, fátuo) obcecados pelo sucesso ministerial mesmo que tenhamos que fazer concessões ilícitas – complacentes -frente a ovelhas que se desviam e pecam porque nossa causa e a causa de nosso grupo ficaram mais importantes que a Causa de Cristo.
Nossa época somos nós e devemos discerni-la principalmente a partir de nós mesmos, como cristãos, individualmente, e como parte da Igreja.
A Igreja, em sua prática, em seu papel de testemunha, é também responsável pelas mazelas do nosso tempo. Quando a Igreja deixa de refletir com fidelidade a imagem de Cristo – vivendo-a no dia a dia de um mundo em crise e em transformação – deixa de ser um referencial legitimo e confiável para a sociedade. Sabemos como a mídia nega revelar o que ela tem de bom, saudável e magnânimo – porém tem a obrigação de ser sal da terra (o que dá sabor à vida) e luz do mundo – deve ser modelo e guia para aqueles que ainda não tiveram a ventura de ser contemplado pela misericórdia de Deus.
Jesus, referindo-se aos religiosos de seu tempo clamou: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!” (Mt 23.15).
Diante de fatos tão amargos que vemos em jornais e na TV devemos nos prostrar diante de Deus e clamar por misericórdia. É fácil jogar pedras, acusar e atribuir culpa aos “ímpios e pecadores” que não fazem parte de nossa congregação – difícil, porém, é tirar o argueiro dos próprios olhos. Ah! É tempo de lamentar e chorar nossos próprios pecados e ver como estamos, como Igreja em nosso tempo, perdendo o rumo da Igreja plantada por Jesus Cristo no coração de seus apóstolos. É tempo de arrependimento e de buscar reformar a nós mesmos e a nossa comunidade de fé – em submissão ao Senhor da Igreja e Sua Palavra.
Da mesma forma que Martinho Lutero, em 1517, afixou as 95 teses no portal de Wittemberg, condenando os erros e apostasia da Igreja de seu tempo, devemos também denunciar nossos próprios erros e apostasias – sejamos históricos, católicos, pentecostais, liberais ou neo-pentecostais. Possamos olhar e imitar a Igreja de Tessalônica, por exemplo: “Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da
vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição
” (1Tessalonicenses 1.2-4). Era uma Igreja cuja fé não era morta, nem fingida – mas operante; que suava a camisa pela Causa de Cristo; era uma Igreja capaz de amar o seu próximo mesmo que para isso tivesse que negar a si mesma e pisar o próprio egoísmo; era uma Igreja que, de fato e de verdade – mesmo em tribulação – tinha sua esperança firmada em Cristo e não no materialismo humanista que faz com que nosso culto seja centrado no homem e em suas necessidades (muitas vezes mesquinhas) – e não na glória de Deus.
Esses três pilares: a fé, o amor e a esperança vividos conforme a vontade de Deus (e não segundo a carne, o mundo e o diabo) é que revelavam a condição daqueles irmãos como, realmente, eleitos de Deus. Possamos, como os tessalonicenses, deixar os ídolos e nos converter de fato e de verdade, para servir o Deus vivo e verdadeiro, aguardando o Filho, Jesus, que nos livra da ira vindoura (1 Tes 1.9-10).
José J Azevedo

quarta-feira, abril 23, 2008

EXISTEM NAÇÕES INDÍGENAS NO BRASIL?

ARNALDO JABOR
E A HOMOGENEIZAÇÃO
BRASILEIRA

Na última semana, na esteira das declarações do Comandante Militar da Amazônia sobre a demarcação de terras ancestralmente indígenas, na região, o comentarista da Globo, Arnaldo Jabor – famoso por sua truculência verbal – manifestou-se favoravel ao militar. Segundo ele não existem “nações indígenas” no Brasil. Disse ele: São todos brasileiros! Acusou de “comunas” os que defendem sua sobrevivência como nações, em nosso País. Talvez seja necessário, antes de mastigar as palavras, conferir o famoso Dicionário da Língua Portuguêsa. O Aurélio define uma nação, primeiramente, como “agrupamento humano, mais ou menos numeroso, cujos membros, geralmente fixados num território, são ligados por laços históricos, culturais, econômicos e/ou lingüísticos”. Os índios da Amazônia são, com certeza, nações em todas essas características mencionadas. Vivem num território histórica e geograficamente chamado Brasil – signatário de leis internacionais que os protegem e garantem o direito das nações, dentro de um Estado. Infelizmente a mentalidade bandeirante, responsável pelo extermínio de centenas de milhares de índios - fulminados em suas aldeias ou deportados e escravizados em São Paulo, Bahia, etc – através de sua lamentável história parece repetir-se como um ciclo amaldiçoado de invasão e ocupação do território brasileiro – como se fossem donos e não houvesse uma Constituição, ou uma ONU – Organização das Nações Unidas - a ser respeitada. Nossa história, por sinal muito mal escrita em muitos casos, é marcada por grupos de espertalhões que, utilizando de recursos, influencia política, sistema cartorial amplamente usado para legalizar o ilegal, etc., vem devorando o território e impondo sobre povos, culturas e meio-ambiente a sua ação maléfica, sem grandeza e sem respeito pela vida, dignidade e liberdade humanas – como se o Brasil fosse uma colônia e eles, regentes imperiais com poder e glória mundanos e ilimitados.Trata-se de verdadeira mesmificação de um País heterogênio. Trata-se da expropriação indébita da terra – como no caso de grilos gigantescos que marcam a história de quase todos os estados da federação – cujos verdadeiros donos acabam sendo usados como escravos, ou semi-escravos ou pior ainda, depois da ocupação do solo, da exploração ilegal e pedratória da riqueza mineral ou vegetal e mesmo animal – em função do comércio milionário de espécies. Apesar de termos uma história escrita à partir do ponto de vista do colonizador, muitos de seus personagens deixaram rastros de uma verdade incontestável: O genocídio, bruto, bárbaro nos primeiros três séculos e que vem de forma mais sutil, ocorrendo em nosso País – atualmente a história desse confronto entre culturas diferentes ocorre na Amazônia. Graças, porém, aos olhos de um mundo globalizado, a situação não é mais de “moleza” para certos grupos.
No Paraná, por exemplo, primeiro sob a ocupação espanhola e depois pela invasão bandeirante, cerca de 200 mil índios, contabilizados pelos jesuítas Ortega e Filds, em 1588, foram reduzidos a menos de 40 mil, na estimativa do presidente da Provincia do Paraná, Antonio Gomes Nogueira, em 1863 – e, atualmente, cerca de 8 mil índios sobrevivem em reduzidos aldeamentos, junto a grotões, geralmente – que ainda são ameaçados de ocupação – como é o caso da Reserva do Apucaraninha – onde uma grande empresa usa e usurpa terra de indios kaingangues. Claro está que o ex-cineasta, pouco reconhecido no exterior, equivocou-se em sua urbanidade radical.
Com tanta boa cabeça no Brasil é lamentável que gente a serviço não sei de que forças ocultas fazer afirmações semelhantes sobre não haver “nações indígenas” no Brasil. Ainda existem, apesar de tudo. Os kaingangs do Paraná, por exemplo – e apesar de tudo - ainda mantém sua lingua materna, seu estilo de vida comunitário, seu artesanato, ainda ensinam muita coisa a nós “civilizados” – que não aprendemos que vivemos num pequeno e maravilhoso Planeta – único em milhões de anos luz criado para sustentar bilhões de espécies que o habitam.
A Amazônia não foi totalmente devastada porque ainda vive gente boa na região, que aprendeu a conviver, sobreviver e preservar: Caboclos e índios que sabem do principio fundamental para a sobrevivência – que já está no discurso dos mais nobres cientistas e estadistas do mundo: O manejo auto-sustentável, a convivência responsável com o ambiente e o respeito a diversidade, étnica e cultural. Na verdade tanto socialistas europeus como grandes economias capitalistas caminham nesse sentido – porque aprenderam com os erros e sabem que só é possivel sobreviver na própria terra se os velhos paradigmas forem suplantados pelo bom senso e pelo respeito ao próximo.

Brasileiros.... pena que uns são mais brasileiros que outros.

José J. Azevedo

terça-feira, março 11, 2008

ATEISMO OU LIBERDADE?


IGREJA CRISTÃ E
PROSELITISMO ATEU


Cedi enfim admitindo que Deus era Deus, e ajoelhei-me e orei: talvez, naquela noite, o mais deprimido e relutante converso de toda a Inglaterra. Não percebi então o que se revela hoje a coisa mais ofuscante e óbvia: a humildade divina que aceita um converso mesmo em tais circunstâncias (C.S.Lewis – “Surpreendido pela Alegria”)

O ateísmo, como movimento ideológico e filosófico – crente de que “o homem é a medida de todas as coisas” – conforme reza o modernismo - parece empreender uma verdadeira cruzada anti-religiosa, tentando minar a fé das pessoas com seu racionalismo obsessivo e, quiçá, desesperado.
Por exemplo, o jovem autor do livro “Ateísmo & Liberdade”, André Cancian, afirma: “Desfecho críticas à religiosidade e à religião, pois as julgo como algo extremamente pernicioso – um grilhão, uma verdadeira travanca ao progresso do conhecimento humano. Fazer da credulidade irrestrita, desse fechar-os-olhos par excellence – mais conhecido como fé – uma virtude foi a mais indecente perversão já perpetrada contra a liberdade humana”.
Flui desse modismo editorial uma verdadeira maré de publicações que tentam vulgarizar o ateísmo como o caminho certo para uma humanidade “oprimida pelos religiosos”.
O jornalista britânico Christopher Hitchens publicou um livro chamado “deus não é GRANDE”. Afirma ele: “Se eu não posso provar definitivamente que o sentido da religião desapareceu no passado, que seus livros fundamentais são fábulas transparentes, que é uma imposição criada pelo homem, que tem sido inimiga da ciência e da pesquisa e que sobreviveu principalmente de mentiras e medos e foi cúmplice da ignorância e da culpa, bem como da escravidão, do genocídio, do racismo e da tirania, eu quase certamente posso afirmar que a religião hoje está plenamente consciente dessas críticas. Também está plenamente consciente das provas cada vez mais numerosas, referentes às origens do universo e à origem das espécies, que a relegam à marginalidade, quando não à irrelevância”.
Manipulando palavras e citando a pseudo-ciência (como a teoria de Charles Darwin – que por não encontrar sustentação continua apenas como teoria e não verdade cientifica comprovada) não apenas nega Deus, nega o valor da maioria das religiões – que buscam na transcendência não apenas a origem da realidade e da vida, como também o sentido da existência humana.
O biólogo Richard Dawkins, considerado um dos papas do ateísmo, publicou no ano passado o livro “Deus – Um delírio”. Em seu fanatismo racionalista ateu compara a “educação religiosa ao abuso infantil”. Vai mais além, conforme uma sinopse da editora: “Em 'Deus, um delírio', seu intelecto afiado se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças. O objetivo deste texto mordaz é provocar os religiosos convictos, mas principalmente provocar os que são religiosos 'por inércia', levando-os a pensar racionalmente e trocar sua 'crença' pelo 'orgulho ateu' e pela ciência”. Na verdade esse ateísmo proselitista parece firmar-se, cada vez mais, ironicamente, como uma nova religião – como mostra outra obra, “Tratado de ateologia”, de Michel Onfray: “Deus não está morto nem moribundo – ao contrário do que pensam Nietzsche e Heine. Nem morto nem moribundo porque não mortal. Uma ficção não morre, uma ilusão não expira nunca, não se refuta um conto infantil”.
Há, desde há muitos anos, uma verdadeira guerra às tradições judaico-cristãs, cuja difusão deu origem a civilização ocidental, fantásticas conquistas na ciência e elevando a dignidade humana através de valores éticos e morais – que muitos querem banir da consciência humana porque confrontam pressupostos da velha e decadente condição humana.
Em sua obra “Civilização em Transição” C.G.Jung lembra a Revolução Francesa como “não tanto uma revolução política mas muito mais uma revolução dos espíritos, uma explosão generalizada da energia armazenada pelo iluminismo francês”. Observa: “A primeira destituição oficial do cristianismo pela Revolução deve ter causado uma profunda impressão no pagão inconsciente que existe em nós, pois desde então ele não teve mais sossego. E, desde então, a descristianização da cosmovisão fez rápidos progressos”.
Não podemos negar, no entanto, que a religião, em si, como prática humana, é sujeita a erros e manipulações – que tem ocorrido na História.
Vemos, no entanto, como a Bíblia, revelando a presença de Deus e sua vontade – intervindo na História e na vida de seus personagens – não esconde as misérias da condição humana, nem a fragilidade e pecados de seus heróis. Nesse sentido confronta os mitos, fantásticos e manipuladores, da tão celebrada Grécia, pelos racionalistas, e sua cultura.
Quando a religião, como instituição humana, se afasta dos preceitos áureos das Sagradas Escrituras, torna-se em inimigas da verdade – e é fato que isso vem ocorrendo através dos séculos. No entanto a verdadeira Igreja de N.S.Jesus Cristo vem prevalecendo há mais de dois mil anos, mesmo que em meio ao trigo haja muito joio – como alertou Jesus a seus discípulos: “Pelos frutos os conhecereis”.
Os teóricos do ateísmo, em sua vertente que ostenta nomes como Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche, David Hume, Henry L. Mencken, Arthur Schopenhauer, Mikhail Bakunin, Sebastièn Faure, Bertrand Russell, Richard Dawkins e Geoffrey Miller, vêm influenciando uma nova safra de niilistas, nessa cruzada contra a realidade da fé – tentando desconstruí-la na mente nas novas gerações utilizando falsos pressupostos.
Se há grandes contradições no seio de instituições religiosas esse fato não limita o poder, a presença benéfica e salutar para a vida das nações. Cremos e defendemos o valor da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, que coaduna com os ideais mais elevados da consciência humana – criada à “imagem e semelhança de Deus”.
Jesus também se referiu aos inimigos da fé, que combateriam utilizando os mais diversos meios. Desde seus primórdios a Igreja de Cristo foi martirizada pelos seus opositores: Vários apóstolos, muitos pais da Igreja, quase toda a geração de crentes, no primeiro século, os protestantes, no Século XVI, foram alvos do ódio irracional de potentados terrenos. A gloriosa galeria dos mártires continua a fulgurar heróis da fé em pleno século 21 (dois missionários coreanos, por exemplo, foram sacrificados por grupos fanatizados no Afeganistão, há alguns meses – porque expressavam com serviço seu amor a Cristo e ao seu semelhante, em ações humanitárias). Nunca, porém, ouvimos dizer que houveram pessoas martirizadas por defenderem o ateísmo e seus ideais de uma vida sem Deus!
Por outro lado a filosofia, desde o advento da equação hegeliana, vem influenciando uma geração para a qual nada faz sentido e o vazio deve ser preenchido pelo hedonismo e crescente sede de um consumismo desesperado – fortalecendo a indústria das drogas e da violência, bem como um consumismo que degrada os ecosistemas.
Devemos também lembrar que Jesus ensina à prática da fé, expressa através de um novo estilo de vida, não mais guiado pela velha natureza, nem sustentado por hierarquias tradicionais. Propôs um modus vivendi cuja máxima resumiu em dois preceitos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, com todas as tuas forças, com todo teu entendimento, e, amarás a teu próximo como a ti mesmo”.
Desde seus primórdios a Igreja cristã tornou-se o seio de todos os excluídos: escravos, presidiários, assassinos arrependidos, mulheres discriminadas, crianças desamparadas, mendigos e aflitos, doentes e endemoninhados. Jesus disse para um grupo de religiosos: “Eu vim para dos doentes e não para os que não necessitam de médico” – negando a auto-suficiência humana que, presa a rituais, negava o verdadeiro culto a Deus.
Jesus observou as multidões como rebanhos sem pastor e atribuiu a seus discípulos o nobre papel de liderar os povos desamparados de todas as nações.
A humanidade não pode se esquecer dos horrores causados pelo ateísmo de Estado: Milhões de mortos, assassinados, deportados e submetidos a campos de concentração, na Rússia e países do leste europeu – que até hoje é assombrado pelos seus traumas. Milhões de judeus foram exterminados barbaramente por um regime soberbo liderado por um homem sem temor a Deus, chamado Adolf Hitler. Jesus garantiu a vitória a seus seguidores: “Edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Devemos, pois, entender um princípio básico: A Igreja cristã transcende às denominações religiosas; ela deve se responsabilizar pelas falhas de seus seguidores, porém não pode ser responsabilizada pelas mazelas de instituições ou de governos apenas nominalmente “cristãos” – porque as instituições passam, mas a Igreja (o Corpo místico de Cristo) prevalece, sendo continua e crescentemente consolada, perdoada, santificada e glorificada.
A Igreja de Cristo é caracterizada por aquele que nega a si mesmo em benefício do próximo; é aquela que oferece a outra face e não revida a acusações e afrontas; é aquela que chora pelos seus mártires, mas não martiriza ninguém; clama pela justiça, mas não apela para a violência para fazer valer algum direito. Sua missão é ser sal da terra e luz do mundo – o amor é seu motivo e o serviço abnegado o coração de seu Evangelho. Vive para a glória de Deus e é essencialmente livre pois “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.
Devemos nos aliar aos ateus na denuncia a injustiça e a barbárie, ao fanatismo intolerante e a discriminação – sem, no entanto, abrir mão da liberdade de reafirmar nossa fé e prosseguir na missão de fazer discípulos para Cristo.

José J Azevedo

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

SERRA DA GRACIOSA











Palmeira na Névoa / Bromélias em flor / Vitória Régia

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BELEZA NATURAL NA ESTRADA
QUE CRUZA A SERRA EM DIREÇÃO
AO LITORAL DO PARANÁ

Ponte secular


A Estrada da Graciosa (PR-410) é uma estrada pertencente ao governo do Paraná (sul do Brasil) que utiliza a antiga rota dos tropeiros (grupos de condutores de cavalos e muares que percorriam os estados do sul, desde o Rio Grande do Sul até São Paulo – levando mercadorias que poderiam ser os próprios animais) em direção ao litoral do Estado. A Rstrada da Graciosa interliga Curitiba, a capital do Paraná, até Morretes, dando acesso a pequenas cidades liorâneas.
A estrada atravessa um dos trechos mais preservados de Mata Atlântica do, marcado pela mata tropical e pelos belos riachos que nascem na formosa Serra do Mar. Desde 1993, parte desse trecho da Serra foi declarada pela Unesco comoReserva da Biosfera da Mata Atlântica. Na região, existem dois importantes parques estaduais: O Parque Estadual da Graciosa e o Parque Estadual Roberto Ribas Lange.
História
Datam do início do Século XVIII as primeiras notícias sobre a pioneira Trilha da Graciosa, que deu origem ao trajeto. As obras de construção da estrada foram concluídas em1873, tendo sido iniciadas logo após a criação da Província do Paraná, por ordem do seu primeiro presidente, Zacarias de Góis Vasconcelos. Até a metade do Século XX, a Estrada da Graciosa permaneceu como única estrada pavimentada do Estado, sendo importante rota de escoamento da produção agrícola e madeira do Paraná rumo aos portos (Paranaguá ou Antonina)
. Nesse caminho de pedra, às vezes ingrime, transitavam cargas de café, erva-mate, madeira de lei e outras mercadorias manufaturadas que chegavam através dos portos paranaenses.
Ao longo da rodovia, são mantidos Sete recantos, contendo estruturas de lazer (churrasqueiras, sanitários, mirantes) que facilitam o acesso dos visitantes que querem conhecer as belezas da Serra do Mar paranaense:

Vista Lacerda
Rio Cascata
Grota Funda
Bela Vista
Curva da Ferradura
Mãe Catira
São João da Graciosa



Portal


Rio fluindo por entre a floresta



Pendendo das árvores


Comunhão

"Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti,
ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?"

Salmos 42.1-2







Restaurante em edifício histórico (Morretes)


sábado, janeiro 19, 2008

CRISTIANISMO HOJE

IGREJA CATÓLICA
ADERINDO A REFORMA
PROTESTANTE?

Estariam os católicos romanos afastando-se cada vez mais da velha Contra-Reforma e aderindo aos valores e crenças da Reforma Protestante? Apesar do aparente conservadorismo da cúpula do catolicismo romano podemos perceber, e aferir especialmente quanto ao Brasil, muitas mudanças que revelam sua inclinação a preceitos defendidos pelos reformadores e também a seus ramos mais recentes. Há tendências, nessa aproximação: Há o caso dos “Carismáticos” (Renovação Carismática Católica). Por exemplo, o padre Marcelo Rossi, um fenômeno da mídia: Cantando músicas de autores evangélicos – “Anjos de Deus”, entre outras – fez sucesso e faturou milhões com a venda dos CDs. As missas que celebra têm a descontração de um culto pentecostal. Poderíamos, realmente, afirmar que a Igreja com sede no Vaticano caminha em direção a mudanças defendidas no Século XVI? Quando eu era criança havia apenas presbiterianos, dentre os protestantes, em minha cidade. Nosso templo era constantemente apedrejado, tendo seus vitrais quebrados. Nós, os evangélicos, éramos muito discriminados. A maioria dos seus habitantes era composta por migrantes de origem italiana, que vinha do interior de São Paulo em busca das terras vermelhas do Norte do Paraná. Nos anos quarenta várias fogueiras de bíblias arderam ao pé de cruzeiros em cidades como Jataizinho, Ibiporã, Warta (interior de Londrina), Cambé, Astorga, etc. Hoje nossa cidade, com cerca de cem mil habitantes, tem mais de cinqüenta igrejas evangélicas. Na verdade, a força da pregação e da presença protestante (antes do advento do neo-pentecostalismo, principalmente, que veio mais para confundir com seu sincretismo – abrigando às vezes práticas espíritas e animistas) levou a Igreja católica a repensar sua práxis. Seria, no entanto, mais uma estratégia do que uma inclinação teológica? Cremos que foi especialmente o crescimento expressivo dos protestantes, no Brasil e em toda América Latina, que levou o Concílio Vaticano II a abandonar preceitos que vigoravam desde a chamada “Contra-Reforma”, que mantinha a grande maioria do povo católico na ignorância quase total das Escrituras: Desde o Século XVI, até 1964, o leigo católico era proibido e desaconselhado a examinar a Bíblia Sagrada e as missas eram rezadas em Latim. Durante mais de quatro séculos essas proibições, aliadas a uma catequese deficitária para a admissão à primeira comunhão, contribuíram para o declínio espiritual dos leigos. Essa deficiência bíblico-doutrinária tornou-se vasto campo para a evangelização por parte de pastores e lideres protestantes. Bastou um século e meio da proclamação da fé reformada para o Brasil sair do zero estatístico para mais de 25% de cristãos evangélicos. Outro fator, que vem minando o antigo dogmatismo, de certa forma, diz respeito à idolatria (culto a imagens, no caso, pois em alguns meios neo-pentecostais cresce certo tipo de idolatria). Lembro-me de que, na minha infância, o altar do templo católico de minha cidade era abarrotado de imagens de santos diversos – sobressaindo-se a figura do santo padroeiro – que até hoje está entronizado no altar, com cerca de três metros de altura. Hoje há templos católicos que têm apenas uma cruz em seu altar. No final de 2007 tive a oportunidade de, juntamente com um presbítero da IPB local, entrar no templo católico, na cidade de minha infância, para a audição de uma cantata de Natal, reunindo corais de duas cidades. Chegamos ao final da missa e aguardávamos junto à entrada. Ficamos surpresos, e comovidos, quando ouvimos o povo ali reunido cantar um dos mais tradicionais hinos do “Novo Cântico” presbiteriano, “Deus Grandioso”, na primorosa versão do falecido Rev. Natanael Emmerich. Os presentes cantavam em pé, sob a luz de um retroprojetor, sem saber de sua origem e da teologia protestante que o inspirou.

Havia mais surpresas naquela noite memorável. O repertório da Cantata era composto, basicamente, de clássicos de nossos hinários: “Nasce Jesus”, “O Primeiro Natal”, entre outros. Havia um soprano cuja voz fazia vibrar em nossas almas o toque celestial de um anjo cantando. No final do belíssimo evento tivemos a oportunidade de conversar com a jovem – que não pertencia a nenhum dos corais – e ficamos sabendo tratar-se de uma irmã da Igreja Presbiteriana Independente, de Londrina, que contribuía com seu talento e esmerada técnica vocal para os corais católicos. Esses são apenas alguns exemplos para ilustrar nossa afirmativa de que a Igreja Católica Romana afasta-se cada vez mais da famigerada “Contra-Reforma”. Há mudanças na liturgia, nas prédicas, nas ênfases – inclusive pela TV. Infelizmente quando muitas igrejas locais, de tradição protestante, vão se esquecendo do precioso manancial de sua música tradicional, muitos católicos vêm reconhecendo seu valor, aprendendo a cantar seus hinos – mesmo que raramente reconheçam sua origem. Neles encontramos plena significação bíblica, fundamentos da teologia reformada e expressões musicais de suas confissões de fé. Enfim, será que podemos afirmar que a Igreja Romana aderiu a Reforma Protestante? Podemos dizer sim e não! Sim, porque o maior conhecimento da Bíblia desperta a consciência das pessoas para a reflexão (“Conhecereis da verdade e a verdade vos libertará”, ensinou Jesus o único Senhor da Igreja) e também para uma ideologia antes rejeitada como herege. Por outro lado a música evangélica, especialmente a protestante, é expressiva e formativa – com grande poder de anunciar o legítimo Evangelho. Tão poderosa é a música que cunharam a frase: “Se queres ganhar a guerra, cante a música do teu inimigo” – porém, quando se trata de ganhar almas o inimigo não é carne ou sangue e o inimigo real treme diante da verdadeira adoração. Podemos também afirmar não, por tratar-se de sincretismo, tão característico do pós-modernismo. Nenhum dos dogmas e crenças advindas do “magistério interpretativo da Igreja” e das decisões conciliares e papais foi abolido, ainda – muitos dos quais estão em permanente choque com a verdade bíblica (o significado sacrificial da missa; as canonizações e culto aos santos da Igreja; a intercessão pelos mortos; o significado do batismo como meio de salvação, etc.). Em seu excelente artigo, publicado na Revista Ultimato de janeiro/2008, o Rev. Robinson Cavalcanti mostra como falácia a tese de que a Igreja Católica Apostólica Romana seria a legitima sucessora da Igreja Primitiva, descrita nos Atos dos Apóstolos. Afirma ele: “As igrejas orientais são anteriores à Igreja de Roma e nunca foram subordinadas a ela por jurisdição e muito menos por autoridade monárquica”. Além de não ser “a” Igreja cristã, mas apenas um ramo dela, a instituição governada pelo Vaticano não abre mão de se considerar dona do “Magistério” das Escrituras (isto é, autoridade e poder de interpretar e acrescentar ensinos e dogmas através dos séculos, mesmo que agridam a integridade hermenêutica da mesma). O que podemos afirmar é que existe uma grande sede espiritual, em nossos dias. Se há avanços e reconhecimento do valor de teses defendidas pelos reformadores do Século XVI, por parte de algumas ordens da hierarquia romana, testemunhamos o crescimento de religiões que afirmam ser “evangélicas” ensinando superstições e crendices manipuladoras a multidões de pessoas que erram, por não examinar com zelo e reverência a Bíblia Sagrada. Jesus disse a um grupo religioso: “Errais por não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus”. Diante dessas mudanças, para melhor e, infelizmente, também para pior, é oportuno relembrar algumas ênfases da Igreja Reformada: “Sola Scriptura”; “Sola Gratia”, “Sola Fide”, “Solo Christus”, “Soli Dei Glória”. Religião, apenas, não basta, é necessário conhecer, amar e obedecer a Verdade que liberta: Jesus Cristo! Os que assim peregrinam fazem parte da verdadeira Igreja de N.S.Jesus Cristo, que transcende as denominações, formando o glorioso Corpo de Cristo na terra.

José J. de Azevedo

domingo, setembro 09, 2007

O SUBLIMINAR NA MÍDIA


Cultura e Cristianismo

Subliminar é a forma sutil de manipulação da informação. Psicologicamente refere-se o subliminar a "um estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, repetido, atua no sentido de alcançar um efeito desejado” (Dicionário Aurélio). É propaganda, mas parece que não é! Um exemplo: Em casa de um sobrinho vi um filme onde um jovem, juntamente com sua amante, namorada de um amigo seu, bebem e fumam o tempo todo em meio a insinuantes delírios. Não sei como terminou o filme, mas o fato é que deve ter motivado muitos jovens, seduzidos pelas imagens veiculadas. A propaganda de bebidas e cigarros é proibida nesses horários, mas a divulgação desses hábitos é liberada em nome da arte. Cria-se um clima de vulgarização de hábitos, práticas, de forma que o ser humano – um ser que imita – adere àquilo que vem sendo ensinado como se essa não fosse a intenção. Há os iniciados na arte da manipulação, forjando situações da mídia com o propósito de denegrir o pensamento tradicional e exaltar o perverso. No entanto a grande maioria pega o “bonde andando”, segue a multidão inconsciente sem saber para onde vai. Há situações ainda mais sutis para induzir a juventude a novos modelos de crer e de pensar. Observamos uma maré de telenovelas onde há claras doutrinações espíritas, disfarçadas de enredo. Aliás, toda sorte de superstições é induzida, também, através de reportagens – onde a cada vez, é reforçado um fato que se quer de fato: Jovens estariam deixando igrejas cristãs e partindo para seitas hindus, budismo e até a práticas como a wica – uma espécie de bruxaria light. Assim, no mundo da Internet, nada é permanente e muitos correm para abraçar a última moda, a nova marca, o filme mais ousado, o gesto mais irreverente, a receita para o vazio, a seita que oferece mais vantagens. Deus virou mercadoria e cada qual o faz segundo a própria imagem e interesse pessoal. A psicóloga Karla Kristine, diante da ação nefasta de determinado segmento da mídia, escreveu: "Fui ver o filme Cazuza e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível. Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado. No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar pois o pai era diretor de uma grande gravadora. Temos vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante. Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não”. A psicóloga atribui a morte trágica de Cazuza a educação sem limites a ele oferecida. Dirigindo-se aos pais, enfatiza: “Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor”. Em seu lúcido livro “O Deus que Intervém” (Editora Cultura Cristã) o Rev. Francis Shaeffer lembra o filósofo Hegel como o homem que “abriu as portas para a Linha do Desespero”: Até ele o ser humano pensava em termos de tese e antítese, causa e efeito numa cadeia que continua em uma linha reta. Hegel, então, abriu a “caixa de Pandora”: “De agora em diante, vamos pensar da seguinte maneira: ao invés de pensarmos em termos de causa e efeito, o que temos, na realidade é uma síntese e, opondo-se a ela, uma antítese, sendo que a resposta ao relacionamento das duas não é um movimento horizontal de causa e efeito, mas uma síntese”. Continua Shaeffer: “Hegel removeu a linha do pensamento anterior, substituindo-o por um triângulo. Ao invés da antítese, na forma de abordagem do homem moderno à verdade, temos uma síntese... a conclusão é que todas as posições possíveis são relativizadas, e levam ao conceito de que a verdade deve ser buscada em termos de síntese e não de antítese”. Com Kierkegaard ocorreu a separação absoluta daquilo que é racional e lógico da fé. Desde então o conceito é de que “razão e fé não tem relação entre si”. O irracional passou a ocupar a centralidade do pensamento existencial. Por negar a realidade da fé e da transcendência o ser humano passou a ser visto –e a se ver – como nada mais que uma máquina. Conclusão: Não há Absoluto! Deus seria um mito e nada faz sentido. Por isso os existencialistas vêm valor igual em qualquer ato de afirmação da vontade – sem mais discernir o bem do mal. É sintomático que o poeta Caetano Veloso cantou, nos lisérgicos anos 70, em uma de suas músicas: “O mal é bom e o bem cruel”. Hoje a coisificação da vida humana, a relativização e a negação de Deus fazem da sabedoria humana a loucura descrita em 1ª Coríntios 1.20: “Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?”. Para onde caminha a humanidade? Um beco sem saída? Não. O cristianismo autêntico é a resposta que as multidões – como ovelhas que não têm pastor – anseiam. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. O conhecimento da verdade não é apenas bíblico. Não podemos nos alienar da cultura, pelo contrário, é necessário entendê-la para poder resgatar o diálogo entre as gerações – fundamental para a comunicação do Evangelho da Graça. O próprio Karl Marx, o papa dos materialistas dialéticos, no prefácio de sua obra “O Capital”, disse que o Cristianismo – especialmente em sua forma protestante – é “a religião ideal para a renovação das vidas estragadas pelo pecado” – escreveu o Rev. Richard Wurmbrand. Somos chamados por Jesus para deixá-lo viver em nós e através de nós – em abnegação - de forma profunda, amorosa e fiel.

Os líderes da Igreja, como todos os cristãos, devem ser referenciais obstinados no glorioso serviço do Reino de Deus – para a conquista de almas e transmitir à próxima geração o legado da mais alta e preciosa Cultura que o ser humano já teve acesso, inscrita nas fulgurantes páginas do Novo Testamento.


José J de Azevedo

domingo, agosto 12, 2007

DIA DOS PAIS

Os pais legam as gerações futuras o seu exemplo
São paradigmas espirituais que perduram para sempre.

A Responsabilidade
do Pai de Família

Hoje, Dia dos Pais, é justo homenageá-los lembrando alguns ensinamentos preciosos da Palavra de Deus – tanto pelos ensinamentos de Jesus como pelo exemplo de pais que O procuravam.



01. UM PAI DEVE TER O CORAÇÃO CONVERTIDO


LUCAS 1.17 – “Irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido”. - Um pai deve zelar por seus filhos – trabalhar por eles, ser exemplo para eles e, principalmente, deve ter o coração aberto para amá-los e discipliná-los com sabedoria.Disciplina: ensino.


02. UM PAI DEVE SER PRUDENTE


MATEUS 24.42-43 - "Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor; sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa”.- Um pai deve busca a visão da águia – que olha do alto.- Quando um pai, uma mãe, cultiva a comunhão com Deus, pela oração – vigiando por seus filhos – poderá livrá-los de perigos.- Devem buscar sabedoria na Bíblia para poder transmitir essa sabedoria aos filhos. - MATEUS 13.52 – “E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.


03. UM PAI DEVE DISCIPLINAR


HEBREUS 12.7 - “É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija?”.- O bom pai deve ser mestre de seu filho.- Mestre é o que ensina, corrige, disciplina.- Um pai que é conivente com os erros de seus filhos está sendo mau e negligente e poderá sofrer muito por causa dessa conivência. Os filhos devem conhecer o certo e o errado desde pequenos.- Usar a disciplina com moderação.- Mostrar ao filho que lhe dá umas palmadas, ou repreensão com palavras porque o ama e quer o seu bem.- Ensinar pelas boas palavras e pelo bom exemplo – pois os filhos imitam gestos, palavras e hábitos dos mais velhos – eles estão atentos e aprendem com facilidade fazer o errado. - Exemplo: O rabino ladrão de gravatas. - O pai de Sirlei Dias, a moça de família pobre que foi espancada por um grupo de jovens de classe media-alta falou: "Eu criei quatro filhos e nunca tive condições de dar uma bicicleta para eles, mas, soube dar limites" (Revista Veja 11/07/07).


04. UM PAI DEVER SER PREVIDENTE


2 CORÍNTIOS 12.14 - “Eis que pela terceira vez estou pronto a ir ter convosco, e não vos serei pesado, porque não busco o que é vosso, mas sim a vós; pois não são os filhos que devem entesourar para os pais, mas os pais para os filhos” .

Há pais totalmente alheios às necessidades dos filhos. Não pensam no seu futuro, por isso não poupam um pouco do que ganham, para garantir uma vida melhor para eles, estudos, etc.- Há pais relaxados e irresponsáveis, que deixam seus filhos maltrapilhos, sujos, desnutridos por serem vagabundos, ou egoístas.- Há pais que na velhice cobram dos filhos aquilo que nunca deram a eles quando eram pequenos.- Um pai cristão deve zelar pelo presente e também ser previdente quanto ao futuro de sua família.
Conta-se que um jovem e bem-sucedido advogado disse: “O maior presente que já recebi foi uma pequena caixa que recebi de meu pai um Natal. Dentro estava um recado que disse, ‘Filho, este ano eu lhe darei 365 horas, uma hora a cada dia depois do jantar. É sua. Falaremos daquilo que você quiser falar, iremos por onde você quiser ir, brincaremos o que você quiser brincar. Será sua hora!’ Meu pai não somente guardou aquela promessa”, disse o advogado, “Mas, a cada ano ele a renovou – e é o melhor presente que recebi na minha vida. Eu sou o resultado do tempo dele.” (Tan, P. L. (1996, c1979). Encyclopedia of 7700 illustrations (“Enciclopédia de 7700 ilustrações) Garland TX: Bible Communications.)


05. UM PAI DEVE INTERCEDER


MARCOS 9.21-23 – “E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância; e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe disse Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê’.

A liderança espiritual é fundamental.- Há muitos pais crentes totalmente negligentes com relação à oração perseverante. Um pai sábio além de buscar e transmitir sabedoria a seus filhos, deve orar, interceder por eles.

LUCAS 8.41 - “E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa; porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões”. - Jairo foi um homem sábio que creu em Jesus. Vemos sua busca humilde de Deus, suplicando pela filha que estava desenganada pelos médicos.


DESAFIO – A Bíblia, nessas passagens que comentamos, revela o perfil de um bom pai:


1) Ele tem o coração convertido a Deus, por isso amoroso com a família;

2) Ele é prudente, tem olhos de águia para conhecer o mundo onde vive por isso sabe proteger, amparar, aconselhar e vigiar por seus filhos;

3) Como bom pai – e não omisso e negligente – ele corrige seus filhos – mostra o certo e o errado. Não é cúmplice do erro dos pequenos, que carecem de orientação paterna e materna.

4) O bom pai é previdente – tanto espiritual como materialmente. Quer dar uma boa educação aos filhos, zelar pela sua saúde, estar atento a sua educação, levando-o a igreja – e não apenas mandando-o, como muitos fazem.

5) O bom pai ora por seus filhos – coloca-os sob a proteção divina. Sabe clamar por eles e, se preciso for, jejuar por eles diante de Deus e em nome de Jesus Cristo.

José J Azevedo, 11.8.07