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domingo, setembro 18, 2005

SÃO MATEUS DO SUL,
97 ANOS DE HISTÓRIA


Historiadores da região sul do Paraná contam que a povoação de São Mateus do Sul começou como local de pouso para tropas militares da antiga Capitania de São Paulo. O objetivo era conquistar os campos de Guarapuava, onde viviam há centenas de anos os índios Kaingang. Assim, em 1769, o tenente Bruno da Costa Figueiras, chegou na região com vinte e cinco homens com destino ao rio Tibagi. Havia, então, numerosos grupamentos indígenas – com os quais houve confronto.
Em 1885 chegavam os primeiros alemães que tinham a informação da existência de petróleo. Entre eles estava Rodolpho Wolff e Gustavo Frederico Thenius.
O primeiro nome dado à pequena vila, junto às margens do Rio Iguaçu, foi o de Porto Santa Maria. Mais tarde a povoação ganhou o nome de Maria Augusta, em referencia a esposa de José Carvalho Sobrinho – engenheiro administrador da Colônia.
Já em 1890 chegavam cerca de duas mil famílias de poloneses, liderados por Sebastião Edmundo Saporski. Esses imigrantes estabeleceram-se nas colônias rurais de Iguaçu, Canoas, Cachoeira, Taquaral, Água Branca e Rio Claro. Nesses tempos pioneiros, onde não faltaram conflitos e confrontos entre os adventícios e os índios da região, a economia local era baseada no extrativismo, especialmente de madeiras nobres, como da araucária – o pinheiro do Paraná – a erva-mate, que os europeus aprenderam a apreciar com os índios. Surgiam no meio das matas as clareiras onde brotava a agricultura de sobrevivência. O transporte basicamente fluvial. O Rio Iguaçu era a estrada natural para o acesso e transporte de cargas, animais e produtos agrícolas.
Com a implantação da navegação a vapor – conforme Decreto Imperial 7248, de 19.04.1879, São Mateus do Sul transformou-se num porto importante, o que favoreceu o comércio regional. O pioneiro do transporte a vapor foi Amazonas de Araújo Marcondes, navegando entre Caya-Canga e o Porto da União. O primeiro vapor fluvial a navegar o Iguaçu foi o “Cruzeiro”, desde 17.12.1882 – fazendo sua primeira viagem até o Porto da União dez dias depois.
No dia 21 de Setembro de 1908, conforme Lei Estadual 763, de 02.04 daquele ano, a vila ganha o status de Município. Mas, apenas em 1943, o Município ganhou o nome de São Mateus do Sul, através de Decreto Estadual.
Os anos cincoenta foram marcados pelo declínio da navegação fluvial – quando todo o sul do Paraná vivia grande crise econômica. Porem a década de sessenta, desde a implantação de uma usina experimental para exploração do xisto betuminoso, São Mateus do Sul começou a sair da crise para décadas de grande progresso. Hoje a agricultura é largamente praticada – com a crescente importância da agricultura familiar ecologicamente correta – sem venenos ou adubos químicos. Hoje o Município é conhecido como Capital do Xisto e Capital da Erva-Mate, graças a sua grande produção e beneficiamento. Além da expansão urbana, sua vocação industrial é fortalecida pela industria cerâmica, produção de insumos energéticos – gás, óleo, nafta e enxofre – fazendo do Município um grande arrecadador de impostos. Sob boas administrações municipais a tendência é consolidar-se como pólo regional em áreas como a educação, comércio, bens e serviços, tecnologia. O grande desafio de São Mateus do Sul diz respeito ao avanço social e saneamento básico – especialmente em bairros populares - mais emprego e melhores condições de moradia para expressiva parcela de sua população.
Parabéns as autoridades e ao povo generoso e solidário de São Mateus do Sul!*

*Fontes:
PEREIRA, Andréia Aparecida. FAFI, União da Vitória.
AMARAL, Profº. Vilácio. Casa da Memória de SMS.
MANSUR, Aziz. Cincoentenário da Navegação no Iguassú e Afluentes, 1932.

O RIO IGUASSÚ
Soneto de Oswaldo dos Santos, 30.XI.1935

Rio Iguassú de vagas espumantes,
Onde há thermos suaves de harmonia,
Onde há sonhos de amores delirantes
Que fulgem num concreto de alegria...

Rio onde jaz fulgente pedraria,
Fonte de sonhos claros e radiantes,
Contendo em si riquíssimo diamantes,
Entre as vagas ou extranha melodia.

Contigo eu sonho os sonhos mais fulgentes
Ouço-te as melodias mais dolentes
Que, lentamente, esvalem-se no ar...
Então mergulho no profundo abysmo
Da estesia e do sonho e enquanto scismo
Tu corres lentamente a murmurar! ....*

*Conforme grafia original