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domingo, setembro 09, 2007

O SUBLIMINAR NA MÍDIA


Cultura e Cristianismo

Subliminar é a forma sutil de manipulação da informação. Psicologicamente refere-se o subliminar a "um estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, repetido, atua no sentido de alcançar um efeito desejado” (Dicionário Aurélio). É propaganda, mas parece que não é! Um exemplo: Em casa de um sobrinho vi um filme onde um jovem, juntamente com sua amante, namorada de um amigo seu, bebem e fumam o tempo todo em meio a insinuantes delírios. Não sei como terminou o filme, mas o fato é que deve ter motivado muitos jovens, seduzidos pelas imagens veiculadas. A propaganda de bebidas e cigarros é proibida nesses horários, mas a divulgação desses hábitos é liberada em nome da arte. Cria-se um clima de vulgarização de hábitos, práticas, de forma que o ser humano – um ser que imita – adere àquilo que vem sendo ensinado como se essa não fosse a intenção. Há os iniciados na arte da manipulação, forjando situações da mídia com o propósito de denegrir o pensamento tradicional e exaltar o perverso. No entanto a grande maioria pega o “bonde andando”, segue a multidão inconsciente sem saber para onde vai. Há situações ainda mais sutis para induzir a juventude a novos modelos de crer e de pensar. Observamos uma maré de telenovelas onde há claras doutrinações espíritas, disfarçadas de enredo. Aliás, toda sorte de superstições é induzida, também, através de reportagens – onde a cada vez, é reforçado um fato que se quer de fato: Jovens estariam deixando igrejas cristãs e partindo para seitas hindus, budismo e até a práticas como a wica – uma espécie de bruxaria light. Assim, no mundo da Internet, nada é permanente e muitos correm para abraçar a última moda, a nova marca, o filme mais ousado, o gesto mais irreverente, a receita para o vazio, a seita que oferece mais vantagens. Deus virou mercadoria e cada qual o faz segundo a própria imagem e interesse pessoal. A psicóloga Karla Kristine, diante da ação nefasta de determinado segmento da mídia, escreveu: "Fui ver o filme Cazuza e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível. Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado. No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar pois o pai era diretor de uma grande gravadora. Temos vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante. Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não”. A psicóloga atribui a morte trágica de Cazuza a educação sem limites a ele oferecida. Dirigindo-se aos pais, enfatiza: “Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor”. Em seu lúcido livro “O Deus que Intervém” (Editora Cultura Cristã) o Rev. Francis Shaeffer lembra o filósofo Hegel como o homem que “abriu as portas para a Linha do Desespero”: Até ele o ser humano pensava em termos de tese e antítese, causa e efeito numa cadeia que continua em uma linha reta. Hegel, então, abriu a “caixa de Pandora”: “De agora em diante, vamos pensar da seguinte maneira: ao invés de pensarmos em termos de causa e efeito, o que temos, na realidade é uma síntese e, opondo-se a ela, uma antítese, sendo que a resposta ao relacionamento das duas não é um movimento horizontal de causa e efeito, mas uma síntese”. Continua Shaeffer: “Hegel removeu a linha do pensamento anterior, substituindo-o por um triângulo. Ao invés da antítese, na forma de abordagem do homem moderno à verdade, temos uma síntese... a conclusão é que todas as posições possíveis são relativizadas, e levam ao conceito de que a verdade deve ser buscada em termos de síntese e não de antítese”. Com Kierkegaard ocorreu a separação absoluta daquilo que é racional e lógico da fé. Desde então o conceito é de que “razão e fé não tem relação entre si”. O irracional passou a ocupar a centralidade do pensamento existencial. Por negar a realidade da fé e da transcendência o ser humano passou a ser visto –e a se ver – como nada mais que uma máquina. Conclusão: Não há Absoluto! Deus seria um mito e nada faz sentido. Por isso os existencialistas vêm valor igual em qualquer ato de afirmação da vontade – sem mais discernir o bem do mal. É sintomático que o poeta Caetano Veloso cantou, nos lisérgicos anos 70, em uma de suas músicas: “O mal é bom e o bem cruel”. Hoje a coisificação da vida humana, a relativização e a negação de Deus fazem da sabedoria humana a loucura descrita em 1ª Coríntios 1.20: “Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?”. Para onde caminha a humanidade? Um beco sem saída? Não. O cristianismo autêntico é a resposta que as multidões – como ovelhas que não têm pastor – anseiam. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. O conhecimento da verdade não é apenas bíblico. Não podemos nos alienar da cultura, pelo contrário, é necessário entendê-la para poder resgatar o diálogo entre as gerações – fundamental para a comunicação do Evangelho da Graça. O próprio Karl Marx, o papa dos materialistas dialéticos, no prefácio de sua obra “O Capital”, disse que o Cristianismo – especialmente em sua forma protestante – é “a religião ideal para a renovação das vidas estragadas pelo pecado” – escreveu o Rev. Richard Wurmbrand. Somos chamados por Jesus para deixá-lo viver em nós e através de nós – em abnegação - de forma profunda, amorosa e fiel.

Os líderes da Igreja, como todos os cristãos, devem ser referenciais obstinados no glorioso serviço do Reino de Deus – para a conquista de almas e transmitir à próxima geração o legado da mais alta e preciosa Cultura que o ser humano já teve acesso, inscrita nas fulgurantes páginas do Novo Testamento.


José J de Azevedo